SXSW | Os batimentos cardíacos estão redefinindo a experiência humana

O que você vai ler aqui?

Você já pensou em uma tecnologia que identifica as pessoas por meio dos seus batimentos cardíacos? No SXSW Conference 2019, Eco Moliterno falou sobre este e alguns outros avanços tecnológicos que vão tirar o seu fôlego.

Por que é importante?

A cada novidade tecnológica, somos desafiados a refletir sobre o grau de influência do mundo digital em nossas vidas e sobre como isso tem mudado nossos processos de cognição, relacionamento, trabalho e vida pessoal.

Somos tão digitais que todas as camadas da nossa vida parecem absolutamente preenchidas pela tecnologia. Você também acha isso?

Os avanços tecnológicos, que encurtam o tempo de evolução das coisas, nos dão a sensação de que não há mais esfera de vida que a internet não possa dominar. Isso cria uma relação de ambivalência a cada novidade que ela nos apresenta.

Uma das palestras do SXSW 2019 traz uma novidade que toca justamente nesse ponto. Bateu a curiosidade? Então, cola com a gente!

Uma tecnologia capaz de identificar nossos batimentos cardíacos

O brasileiro Eco Moliterno apresentou no SXSW algo que, para Isabel Sobral, sócia-diretora da FutureBrand, parecia algo vindo diretamente de um episódio de Black Mirror.

Trata-se de um sistema que identifica padrões de batimentos cardíacos. Esse sistema se baseia no princípio de que cada ser humano tem um tipo de frequência cardíaca específico. A novidade seria usada, principalmente, na identificação de pessoas. Isso significa que seus batimentos cardíacos podem vir a ser a sua única senha. Já pensou?

Já contamos no BrandIdeas como a Fox Networks Group Latin America está usando uma tecnologia similar para medir o engajamento da audiência de TV. Mas o novo escopo, para Isabel, traz algo diferente; é uma evolução da personalização.

Parece assustadoramente incrível? Pois era justamente disso que falávamos lá no começo, quando identificamos essa relação de ambivalência.

Ao mesmo tempo em que nos assustamos com esses avanços, nos encantamos com a promessa de dar ainda mais praticidade aos diversos aspectos da vida. Vemos isso como uma maneira de terceirizar mais um dos nossos domínios a um raciocínio mecânico.

Mas como isso poderia ser incorporado às nossas vidas, exatamente?

Pense numa casa automatizada que identifica os batimentos cardíacos de seus moradores pela simples presença. Imagine que você chega em casa e, então, as portas se abrem e as luzes se acendem naturalmente, porque seus batimentos cardíacos foram detectados. Agora, imagine que você chega cansado e, quem sabe, as luzes podem ficar mais baixas e um banho morno pode ser preparado?

Alguém entra em casa e o seu celular avisa que, pelos batimentos cardíacos, é a sua filha. Mas, pera aí! Tem mais alguém com ela… e essa pessoa não está cadastrada. Será um bandido? Calma! Pode ser uma amiga… Será? Opa! Então, calma aí! Seria o fim da privacidade?

Pode falar: justamente quando você estava se acostumando com a ideia, voltou a ficar preocupado, não é? Mas, acalme-se!

Vamos pensar no quão poderoso isso pode ser?

No SXSW, Eco Moliterno lembra um caso em que o uso do Apple Watch preveniu uma pessoa de sofrer um infarto. Isso só foi possível porque o recurso foi capaz de detectar a alteração da frequência cardíaca. Aliás, a Apple, em conjunto com a Stanford University, está investindo amplamente em um estudo chamado “Apple Heart Study”.

Em termos de saúde, a novidade é realmente muito persuasiva. Imagine que entre suas promessas está a capacidade de identificar um batimento cardíaco diferente no corpo de uma mulher, e, com isso, detectar uma gravidez.

Mais uma vez, um jogo de opostos. Estamos entre um benefício e um inconveniente. Benefício porque isso pode facilitar a decisão de um aborto, uma vez que o sistema identificaria a gravidez em um estágio em que a interrupção oferece menor risco. Inconveniente porque nos leva a ponderar, mais uma vez, sobre a questão da privacidade, por se tratar de um fator, no mínimo, delicado.

O futuro é agora

A tecnologia vem nos ensinando que o futuro se confunde com o presente. E é bem assim, mesmo.

Imagine que, em algumas universidades chinesas, os alunos precisam usar um relógio que mede o nível de esforço físico necessário para evitar o sedentarismo. Parece ótimo, mas nem sempre. Por conta disso, construiu-se toda uma lógica e toda uma indústria paralela para burlar esse sistema.

No Walmart, há um carrinho em teste cuja barra utilizada para empurrá-lo empurrar contém sensores que medem nossos sinais biométricos, como temperatura do corpo, batimentos cardíacos e até a força com a qual seguramos nela. O objetivo dessa tecnologia é identificar informações sobre a saúde do cliente e, também, inclinações de humor capazes de fazê-lo adquirir um produto.

Pra terminar, uma inovação tecnológica especial para os apaixonados. Que tal uma aliança de casamento que identifica, em tempo real, as batidas do coração do seu parceiro? É lindo, né? Mas é meio estranho, também.

Bom, o fato é que o novo inspira movimento, mudança de uma condição já desgastada para uma desafiadora. E isso é incrível. Como bem lembrou Eco, o som das batidas dos nossos corações é universal e não tem quem não reconheça o tum-tum, tum-tum. Enquanto nossos corações estiverem fazendo esse barulhinho, teremos a oportunidade de ver ainda muita inovação tecnológica nos campos da saúde, da segurança, do varejo, da automação, das artes e da música. E, aí, haja coração pra suportar tanta emoção distinta com tanta novidade ao mesmo tempo, não acha?

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