SXSW | Mudando a indústria do chocolate

O que você vai ler aqui?

Neste artigo, você terá um breve panorama do que foi abordado no SXSW Conference 2019 sobre a indústria do chocolate. E o melhor: saber quem está se movimentando para transformá-la.

Por que é importante?

Pessoas defendem causas e querem que as instituições se posicionem diante delas. Vivemos uma época em que iniciativas surgem para provar que é possível empreender de outras formas.

Você já parou pra pensar de onde vem aquele chocolate que você adora comer depois do almoço ou no meio da tarde? Não? Ah, tudo bem! Uma barra de chocolate parece tão ingênua, mesmo! Mas descobrir uma situação ruim por trás da produção de chocolates no mundo mudaria seus hábitos?

É nisso que a marca Tony’s Chocolonely se inspira. No último SXSW Conference, Ynzo Van Zanten, marqueteiro da Tony’s, foi convidado para contar o que há de tão errado por trás da produção de chocolate e por que isso deveria nos sensibilizar. Bateu aquela curiosidade? Cola aqui com a gente, então!

Uma breve contextualização para começar a entender as coisas

A história do cacau é longa. Ele saiu das Américas, conquistou a Europa e, nesse percurso, foi parar na África. Mas foi no período de neocolonialismo que a produção de cacau se intensificou por lá. A razão era simples: maior quantidade de matéria-prima a baixo custo. E é aqui que mora a questão.

Mesmo com o período de independência das colônias, iniciado em 1960, multinacionais do ramo continuaram financiando e investindo em fazendas de cacau que se utilizavam, em parte, de trabalho escravo. Mas isso, infelizmente, não fica só no passado.

Para Isabel Sobral, sócia-diretora da FutureBrand, que esteve presente na última edição do South by Southwest, trata-se de um tema tão árido e ultrapassado que relacioná-lo ao chocolate chega a ser um grande desprazer. De fato!

Infelizmente essa ainda é uma realidade das plantações de cacau nos países subdesenvolvidos, muito difícil de ser controlada e fiscalizada, na qual crianças e jovens passam anos trabalhando de sol a sol, sem poder ver a família, sem receber nem um centavo e, acreditem, sem nunca na vida ter experimentado um pedaço de chocolate.

Loucos por chocolate. Sérios em relação às pessoas

Pensar nisso sem se indignar parece tão absurdo quanto o próprio fato da exploração. E foi a partir desse sentimento que o repórter holandês Teun van de Keuken decidiu fundar sua própria marca de chocolates.

Abordando o tema de maneira suave, mas sem eufemismos, Ynzo Van Zanten sensibiliza e envolve o público do SXSW 2019, explicando o posicionamento da empresa que não gasta um centavo sequer em mídia paga, mas, ainda assim, é considerada um case de branding e cultura corporativa.

A marca se define como “Loucos por chocolate. Sérios em relação às pessoas”. E isso não fica só no discurso. Uma série de práticas imprime esse posicionamento e transmite, em várias frentes, o compromisso com o combate à escravidão e à exploração infantil.

Uma andorinha só não faz verão. Quem disse?

Após descobrir que as fabricantes que assinaram o Protocolo Harkin-Engel (2001) não estavam cumprindo o acordo pela produção de chocolate sem a utilização de trabalho escravo e exploração infantil, Teun van de Keuken levou o caso a juízo, processando-se a si mesmo por, conscientemente, consumir um produto feito de maneira ilegal. O caso foi rejeitado em 2007 por um procurador holandês que alegou se tratar de um caso fora de sua jurisdição.

Na ocasião, Teun van de Keuken contatou algumas empresas, sem sucesso. Foi então que ele começou a produzir o próprio chocolate, dando origem à Tony’s Chocolonely — 100% slave free — em que o lonely significa o quão sozinho ele se sentia nessa luta.

A Tony’s Chocolonely pratica comércio e preço justos, utilizando grãos de cacau comprados diretamente de agricultores por empresas parceiras em países da África, como Gana e na Costa do Marfim.

O compromisso da Tony’s e suas características

O formato do chocolate tem um significado bem profundo. Isabel Sobral explica que o shape da barra representa uma indústria, como eles dizem, unequally divided, onde quem planta o cacau faz o trabalho duro sem ganhar nada e, na outra ponta, as grandes indústrias arrecadam milhões.

Parte dos gomos representa o mapa com os cinco países do oeste da África de onde vem 60% do cacau do mundo. Não por acaso, é justamente a região em que a Tony’s atua no combate à escravidão.

Atualmente, os chocolates da Tony’s Chocolonely, que apresenta um histórico de crescimento impressionante, são encontrados em países como Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Suécia e Estados Unidos.

A participação da Tony’s Chocolonely no evento mais importante de inovação, o SXSW Conference, foi realmente muito importante. Esse reconhecimento prova que é possível empreender com princípios éticos e humanos, em prol de uma sociedade isenta de desigualdades, mais justa e mais amistosa.

A Tony’s cuida para que seu discurso tenha testemunhos práticos. Por isso mesmo, eles vão até a África, conversam com as pessoas e colhem depoimentos que afirmam que ninguém da grande indústria jamais esteve por lá para entender, verdadeiramente, pelo que elas passam. Além disso, sabe o que mais a Tony’s faz? Leva chocolates para as crianças experimentarem.

Com todo esse empenho, nem é preciso dizer que a Tony’s Chocolonely quer muito mais, né? O plano é audacioso e muito inspirador. A marca, nem de longe, quer guardar esse diferencial para si. A verdadeira causa é fazer com que todas as indústrias se unam para combater o problema globalmente, transformando essa luta em uma causa de todos, e não mais de uma só pessoa. E eles já tem conseguido bons resultados nesse sentido!

Para nós, parece uma causa e tanto. Vamos juntos?

Você também vai gostar

Já pensou em se inscrever na nossa newsletter ?

Prometemos que não lotaremos sua caixa de e-mail ;)